Dentre os novos espaços que o Museu da Imagem e do Som do Ceará passou a contar desde a sua reinauguração, em 2022, destacam-se os laboratórios de preservação, conservação e digitalização. Era Prata, agora é Pixel foi desenvolvida no intuito de compartilhar com o público o conjunto de práticas de preservação do acervo efetivadas neste espaço, as questões que norteiam os processos técnicos e as possibilidades de experimentações e limites estéticos e tecnológicos. A mostra tem como base o tratamento dado às imagens estáticas captadas pelo fotógrafo cearense Maurício Albano, especialmente as produzidas no contexto de sua participação no Centro de Referência Cultural do Estado (CERES) e do acervo doado pelo próprio autor. A coleção em questão revela as identidades culturais do povo cearense por meio do patrimônio edificado, da paisagem natural e dos saberes e fazeres, configurando-se em uma das mais relevantes do MIS.
Sobre o CERES
A coleção do Centro de Referência Cultural do Estado (CERES), sob a guarda do MIS, é resultado da pesquisa que realizou um inventário do patrimônio imaterial do Estado do Ceará entre as décadas de 1970 e 1990. Ela é constituída por registros em áudio, cromos, fotografias e cordéis. O projeto contou com a participação de diversos pesquisadores e produziu um rico acervo sobre os saberes e fazeres ligados à cultura tradicional popular. Sua atuação deu-se no contexto da criação do Centro Nacional de Referência Cultural (CNRC), fundado em 1975, que tinha como intuito referenciar elementos formadores da cultura e identidade brasileiras, com pesquisas voltadas para as mais diversas matrizes culturais.
A experiência do CERES contribuiu para a formação de pesquisadores e intelectuais cearenses das mais diversas áreas, como Oswald Barroso, Maurício Albano, José Carlos Matos, Olga Paiva, Norma Colares, Roberto Aurélio Lustosa da Costa, Rosemberg Cariry, Otávio Menezes, Sylvia Porto Alegre, Gilmar de Carvalho. A diversidade de olhares dos pesquisadores advindos das mais diversas áreas (ciências sociais, história, filosofia, música, teatro, fotografia e artes plásticas), possibilitou que as atividades do projeto, inicialmente focadas somente no artesanato, se expandissem para a documentação e pesquisa de outras manifestações culturais, como a literatura de cordel e diversas festas e folguedos populares. Ao serem incorporadas ao MIS, as atividades realizadas pelo CERES nortearam muitas das ações realizadas pelo museu, o qual manteve projetos não apenas no intuito de registrar tais processos e manifestações, mas de tornar-se espaço de referência nos âmbitos da cultura e da pesquisa.
Maurício Albano (1945- 2015, Fortaleza-CE)
O fotógrafo cearense iniciou sua trajetória profissional aos 23 anos de idade. Em 1975, compôs a equipe do Projeto Artesanato, experiência que deu origem ao Centro de Referência Cultural do Estado - o CERES funcionou de 1975 a 1990 e promoveu o mapeamento e registro de manifestações da cultura tradicional popular no Ceará. Após a participação neste projeto, Maurício foi convidado para diversos trabalhos pela Secretaria de Cultura do Ceará e viajou pelo Estado fotografando a fauna, a flora, a paisagem, o patrimônio natural, histórico e cultural. Foi professor na Casa Amarela, fez trabalhos para publicidade, publicou livros e teve suas fotografias publicadas em importantes revistas, “historiando, principalmente” o Estado do Ceará.
Funcionamento
Terça a quinta-feira (10h às 18h, com acesso até 17h30)
Sexta a domingo (13h às 20h, com acesso até 19h30)