Exposições | Hãhãw: arte indígena antirracista

 

 


A arte indígena é um oráculo indesvendável, repleto de diversidades, que nos permite navegar por diversas linguagens. É nesse ambiente fértil que nasce a exposição "Hãhãw: Arte indígena
Antirracista". Hãhãw representa a terra e o território na língua Patxohã, sendo o lugar de vida dos povos originários. Essa exposição traz consigo a insurgência indígena contra a assimilação,
confrontando a ideia homogeneizadora que definiu o Brasil como uma nação mestiça, genocida e moderna. Em vez disso, busca visualizar a multiplicidade plurinacional, as diversas vidas,
histórias e diferenças. Fruto do projeto de pesquisa Culturas de Antirracismo na América Latina (CARLA), sediado na Universidade de Manchester (Reino Unido), em colaboração com a Universidade Federal da Bahia, a Universidade Nacional da Colômbia e a Universidade Nacional de San Martin (Argentina), a exposição estreou em novembro de 2022 no Museu de Arte Sacra da Bahia e
continua em itinerância pelas comunidades de origem dos artistas e espaços culturais nacionais. Em Hãhãw, ressoam as vozes de 20 artistas indígenas de diferentes etnias e contextos do Brasil.
Apresentando obras de uma geração que, por meio de suas (r)existências poderosas esteticamente, cosmológicas e políticas, estabelecem novas perspectivas epistêmicas na contemporaneidade. Essas narrativas rompem com estereótipos e evidenciam as violações dos direitos dos povos originários. "Hãhãw" é um manifesto contra o etnocídio, genocídio e racismo sofridos pelos povos indígenas.

Os artistas participantes são Antônia Kanindé, Arissana Pataxó, Barbara Matias Kariri, Débora Anacé, Denilson Baniwa, Glicéria Tupinambá, Graciela Guarani, Gustavo Caboco, Irekran Kayapó,
Juliana Xukuru, Merremii Karão Jaguaribaras, Naine Terena, Olinda Yawar Tupinambá, Paulo Karão Jaguaribaras, Rodrigo Tremembé, Vitor Tuxá, Yacunã Tuxá e Ziel Karapototó. Juntos,
prestam homenagem aos artistas Benício Pitaguary e MBeni Waré, cujo legado inspira e enriquece essa exposição.

Hãhãw conta com a participação ativa dos artistas na curadoria, em que cada obra carrega consigo a voz de um grito entoado nas representações artisticas. Nessa coletiva, construímos
memórias, denunciamos opressões e, acima de tudo, buscamos na arte maneiras de eternizar e valorizar nossos povos. Assim, mostramos que serselvagem é a melhor forma de "ser civilizado".
Através de exposições artisticas como esta, transcendemos as aldeias e ampliamos a percepção sobre as práticas ancestrais preservadas pelas sementes atuais. Compreendemos a contemporaneidade e nos reconhecemos como parte da mudança. Somos contemporâneos porque estamos vivos, coexistindo no mesmo espaço e tempo. Vivemos o presente, buscando referências em nosso passado. Não há contradição. Estamos escrevendo a história para que todos possam enxergar nossa existência para além do passado. Nós também somos o futuro. Nesta jornada, juntos celebramos com entusiasmo a oportunidade de trazer a exposição Hãhãw ao Museu da Imagem e do Som Chico Albuquerque – MIS e ocupar este espaço com a imponente
expressão da arte indígena. Este é um momento de encontro e reconhecimento, onde arte e resistência se entrelaçam, fortalecendo a luta antirracista.

 

Artistas curadores exposição "Hãhãw: Arte indígena Antirracista".

 

Funcionamento: 

Quarta e quinta - 10h às 18h (acesso até 17h30)

Sexta a domingo - 13h às 20h (acesso até 19h30)