Exposições | KEBRANTO

 

Uma serpente viaja através de paisagens digitais oníricas e também de imagens estáticas da floresta amazônica, narrada a partir da repetição cíclica de um tempo espiralado, o tempo proposto nos sonhos pela serpente. A obra “Kebranto”, de Jonas Van e Juno B, narra uma fantasia radical, uma possibilidade de transmutação corporal e temporal a partir do encontro com a serpente Boitatá, que se alimenta dos olhos, e que, após ter comido tantos, se transforma em fogo vivo. Os seres humanos que mergulham seu olhar nos olhos da serpente são irreversivelmente transformados. Como se estivessem olhando para seu próprio fogo e queimando sua retina, esquecendo assim as ferramentas que aprenderam a usar para serem homens e mulheres. 

 

Tomando como matéria visual o fenômeno nomeado pelas línguas ocidentais como fogo-fátuo, traduzido no norte e nordeste do Brasil, a partir da oralidade e da herança Tupi Guarani, sob o nome de Boitatá, uma serpente de fogo, Jonas Van e Juno B apresentam uma ficção visionária baseada na ideia de que a serpente Boitatá é um ancestral dos corpos trans e queer. A obra, lançada em 2021,  já havia sido exibida em diversos estados do Brasil e em vários países, como Suíça, Portugal, Estados Unidos e França. Ela foi agora adaptada para o formato de exibição em 360°, especialmente para projeção na sala imersiva do MIS Ceará.

 

Jonas Van e Juno B

 

Jonas Van e Juno B são uma dupla de artistas cearenses que trabalham juntos desde 2020. Jonas é mestre em Artes Visuais pela HEAD Genebra (programa CCC - Crítica, Curadoria e Cybermedias), e Juno é mestre pela LCC London College of Communication - University of Arts London (programa GMI - Graphics Moving Image). A convergência de seus trabalhos é a partir da prática da ficção visionária, usando elementos mágicos e científicos, construindo interações e ancestralidades monstruosas. Com uma perspectiva trans, eles propõem narrativas não lineares e oníricas, construindo obras sensoriais imersivas. Sua pesquisa é materializada por meio de elementos sonoros, imagéticos e poéticos, pensando ficções além da colonialidade, tendo a transmutação como eixo central. Seus trabalhos foram expostos recentemente no 38º Panorama da Arte Brasileira: Mil Graus - Museu de Arte Moderna de São Paulo, Pina Contemporânea - Pinacoteca de São Paulo, Pivô e Kadist.