MOSTRA OCUPA MIS
Até 20 de setembro
Gratuito
O Museu da Imagem e do Som do Ceará promove até 20 de setembro a Mostra Ocupa MIS. O evento expõe ao público dez obras artísticas inéditas realizadas com recursos provenientes do Edital Ocupa MIS - Multilinguagem 2023, edital de fomento a projetos artísticos lançado pelo MIS ano passado. Cada proponente selecionado recebeu R$25 mil para a produção de uma obra digital. De acordo com a política afirmativa do MIS, o Edital reservou 30% das vagas para a seleção de propostas de pessoas autodeclaradas pretas, pardas, indígenas, quilombolas, travestis, transexuais, transgêneras e pessoas com deficiência. Lançado anualmente desde 2022, o Edital Ocupa MIS é hoje um dos mais importantes instrumentos para a promoção da produção artística contemporânea cearense.
Confira abaixo a programação:
- Obras na sala imersiva
Quarta e quinta: 14h às 18h
Sexta a domingo: 16h às 20h
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Quimbandarias: Demandas contra-coloniais
Realização: Paolla Martins
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RmX Diáspora
Realização: Uirá dos Reis
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SYTYA
Realização: Trojany e Taís Koshino
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Guia
Realização: Marissa Noana
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Fortaleza Utopia Ancestral
Realização: Rafael Mourão e Nycolas Di
- Projeções na fachada do Anexo
Sexta a domingo: 18h às 19h30h
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Lutas! Memórias da Terra Livre
Realização: Iago Barreto, Climério Anacé, Clara Kanindé, Débora Anacé, Yakecan Potyguara e Acauã Pitaguary (em memória)
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A Maré Vai Subir
Realização: Coletivo MarÉHouse
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Quando Céus e Pedras transformam tudo em lama
Realização: Pedra Silva e Céu Vasconcelos
- Instalações sonoras na praça
Diariamente, durante o funcionamento do Museu
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Califórnia
Realização: Rafaela Vasconcelos e Mariah Duarte
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Manifesto do Sonho
Realização: Wellington Gadelha
Confira abaixo as informações sobre as dez obras e seus respectivos realizadores.
- Obras para fachada do Anexo
Lutas! Memórias da Terra Livre
Realização: Iago Barreto, Climério Anacé, Clara Kanindé, Débora Anacé, Yakecan Potyguara e Acauã Pitaguary (em memória)
Memórias da Terra Livre é um projeto de pesquisa fotográfica e videográfica sobre o Acampamento Terra Livre, o maior evento indígena do mundo. O projeto foca essencialmente na presença indígena cearense no acampamento em sua mobilização singular para ocupar espaços necessários em um cenário político que nunca favoreceu a presença indígena. O projeto é coordenado por Iago Barreto e Climério Anacé, junto ao coletivo Poty. Para a projeção conta com as artistas convidadas Clara Kanindé, Yakecan Potyguara, Débora Anacé e Acauã Pitaguary (em memória).
Iago Barreto é fotógrafo, cineasta e indigenista, coordena a Brotar Cinema e é um dos autores/pesquisadores de Memórias da Retomada da Terra Livre. Climério Anacé é liderança, artista e pesquisador pela Unilab e um dos autores/pesquisadores de Memórias da Terra Livre. Clara Kanindé é liderança e fotógrafa do povo Kanindé, atua junto à Juventude Indígena Conectada e à Federação dos Povos Indígenas do Ceará. Débora Anacé é fotógrafa, educadora e liderança com diversas participações em exposições no Brasil. Yakecan Potyguara é realizadora de cinema, atriz, fotógrafa e ativista lgbt. Acauã Pitaguary (em memória) foi pintora, artesã e fotógrafa, de família tradicional do povo Pitaguary do Olho D’água.
A Maré Vai Subir
Realização: Coletivo MarÉHouse
Uma animação piloto que convida para uma imersão em imaginários que mobilizam o coletivo MarÉHouse nos universos afro-diaspóricos funky, house e hip hop na cidade de Fortaleza. Partindo da perspectiva de corpos que produzem vida enquanto corpo-festa, mergulhada nas vivências que esses universos afro-diaspóricos proporcionam e compõem com existências daqui. Corpo-festa é como samplear a própria vida em movimento, no corpo.
O Coletivo MarÉHouse é um coletivo multilinguagem, articulando dança, música, audiovisual e produção cultural. Desde 2019, o coletivo mergulha intensamente nas culturas House, Funky e Hip Hop. Apresenta uma gestão cultural, a partir de 2021, com agitação dentro das vivências de rua e afro-diaspóricas na cidade de Fortaleza (CE). Fomenta o espetáculo cênico 'Na terra em que o mar não bate, não bate o meu coração' e as festas itinerantes 'MARÉ ALTA' e ‘MARÉZADA’. Junto a isso, apresenta uma atuação com articulação comunitária, realizando ações de cunho artístico-pedagógico, fomentando cypher, jam session e batalhas.
Quando Céus e Pedras transformam tudo em lama
Realização: Pedra Silva e Céu Vasconcelos
Para o mundo colonial, corpos inacabados, incompletos. Para a natureza, corpas em infinita transfiguração. Céus e Pedras. No Tempo, se encontram. No encontro, se metamorfoseiam. Partindo da negação da ideia de separação entre humano e natureza, as artistas performam uma coreografia muito antiga, a da transmutação. A partir do barro, exercitam a modelagem manual e 3d, tendo essa materialidade como fundamento estético e ético que possibilita a criação de novos órgãos, membros, mundos, ecossistemas e possibilidades de vida outras que não as ditadas pelo corpocisheteronormatividade.
Céu Vasconcelos se descreve como “bixa com deficiência e artista visual”. Criado em Pacajus - CE, atualmente mora e trabalha em Fortaleza. Em sua pesquisa propõe uma revisitação histórica das próteses construídas após as Guerras Mundiais, a fim de diluir as noções de normalidade, capacidade e humanidade, apontando a corponormatividade compulsória e o capacitismo cotidiano e produzindo possibilidades, ficções e corporeidades outras. Atualmente participa da 11ª edição do Laboratório de Criação em Artes Visuais da Escola Porto Iracema das Artes.
Pedra Silva (CE/BR) é uma travesti de pele marrom em retomada identitária. Macumbeira, artista, arte-educadora e pesquisadora das encruzilhadas. Trabalha a partir de lugares artísticos expandidos tendo o corpo como arquivo-vivo e como lugar espiralar transmidiático. É produtora da Orquestra Sagrada, projeto artístico-cultural do Abassá de Omulu Ilê de Iansã, é coordenadora da Res. Art. Memórias Negres-Natives e do Programa de Ancestralidades do Corpo em parceria com Museu de Cultura Cearense. Está como consultora do eixo da Difusão Cultural e Articulação Territorial do Núcleo de Articulação Comunitária Afirmativa do Instituto Mirante.
- Instalações sonoras
Califórnia
Realização: Rafaela Vasconcelos e Mariah Duarte
Califórnia é uma obra instalativa sonoro-imersiva que propõe, a partir de uma perspectiva acessível, um contraponto ao caráter visuocêntrico da arte, trazendo uma obra sonora realizada a partir de transcrições, edições e adaptações dos exames oculares que diagnosticaram a proponente, Rafaela Vasconcelos, como pessoa com deficiência visual, monocular. A obra se trata de um convite ao sensorial auditivo, trabalhando texturas sonoras e re-interpretações de ruídos, dando lugar à escuta criativa.
Rafaela Vasconcelos é uma mulher monocular arquiteta e urbanista (graduação UNIFOR), designer gráfica (especialista pela Escola da Cidade) e pesquisadora em artes integradas, no projeto MONO. Profissionalmente tem atuado como arquiteta em projetos residenciais e comerciais, como diretora de arte, em expografias e na produção de instalações. Como designer gráfica tem foco na produção de identidades visuais e produtos gráficos para profissionais das artes. E, em conjunto com a experiência de ter se tornado PCD, tem pesquisado de que formas transpor essas vivências como mulher deficiente visual em artes integradas, atuando como artista, pesquisadora e produtora de acessibilidade pelo Projeto MONO (2021-atualmente) e diretora no Grupo de Estudos em Arte Contemporânea e Acessibilidade.
Sound designer, produtora musical, musicista e compositora, Mariah Duarte é graduanda em Cinema e Audiovisual na Universidade Federal do Ceará, tem como principal área de atuação a produção e composição de trilhas sonoras e ambiências para mídias diversas. Dentro de diversas áreas da arte, especialmente na criação sonora, já trabalhou com realizações audiovisuais, projetos instalativos, performances e videoperformances, performances sonoras, mídias digitais imersivas, ambientações e instalações sonoras e também produções musicais. Pesquisadora em acessibilidade desde 2021 no Projeto MONO, já expôs obras em múltiplas linguagens em espaços como Hub Cultural Porto Dragão, Museu da Imagem e do Som, entre outros. Compõe o quadro de artistas e trabalhadores da Banida Plataforma, pensando a articulação de linguagens hibridas com foco em criação sonora.
Manifesto do Sonho
Realização: Wellington Gadelha
Manifesto do Sonho é uma ação instalativa-sonora que propõe um instante poético de um mensageiro negro-favelado e nordestino. Em um campo sonoro vertiginoso, feito mormaço de um Ceará Profundo, encruzo e alargo as fronteiras das narrativas, beats e flows no anúncio de um manifesto onírico que busca desarmar os dispositivos da urgência e emergências para anunciar um sonho ainda possível.
Wellington Gadelha tem interesse pelas relações no campo contemporâneo a partir da composição, improvisação, dramaturgia e encenação. Com foco em dança, artes visuais, arte tecnológica, arte sonora, instalações e processos imersivos, está à frente e desenvolve trabalhos/ pesquisas na Plataforma Afrontamento, um espaço que tem como ação, consultoria, planejamento, elaboração de projetos e desenvolvimento de residências artísticas. Vive em Fortaleza, Ceará/Brasil e possui conexões de projetos em Zurich, Suíça. Seus espetáculos “Gente de Lá”, “Manifesto do Sonho”, “This is an emergency”, “Reza Caseira” e “MiRA” circulam atualmente por teatros, festivais e galerias nacionais e internacionais. Indicado ao Prêmio Pipa (2020), executou projetos contemplados no Rumos Itaú Cultural (2017-2018) e Funarte Artes Visuais – Periferias e Interiores (2017). Foi pesquisador pela Fundação Biblioteca Nacional e Instituto Municipal Nise da Silveira ligado à Universidade Popular de Arte e Ciência (UPAC). Integra também a Cia. da Arte Andanças e uma rede de iniciativas e coletivos com ênfase em direitos humanos, periferia, juventude negra e contextos comunitários.
- Obras para Sala Imersiva
Quimbandarias: Demandas contra-coloniais
Realização: Paolla Martins
A obra reúne fotografias de terreiros de Quimbanda, com a proposta de sensibilizar ao reconhecimento, resgate das memórias e saberes ancestrais de curandeiras.
Paolla Martins é realizadora audiovisual, artista visual e arte-educadora afro-religiosa, com experiência na realização de projetos das linguagens artísticas: artes visuais, audiovisual, cinema. Autora das exposições: Ocupação 90 (2017) - Sobrado Dr. José Lourenço; Reservado Para Pixadores (2017) - III Encontro Internacional de Imagem Contemporânea, 2018; Taboca de Caboclo (2018), Ateliê Imagem e Espaço, Vila das Artes / 69º Salão de Abril.
RmX Diáspora
Realização: Uirá dos Reis
RmX Diáspora aponta para o corpo negro em festa, celebrando sua própria beleza e a riqueza de sua cultura a partir da paisagem urbana de nossa capital. Como um devaneio multicolorido a obra mistura música e projeção para estabelecer a alegria como meta e o corpo como seu templo/centro. O trabalho é inteiro feito a partir de loops, tanto o som quanto as imagens, e traz o estilo pessoal de Uirá dos Reis para dentro da Sala Imersiva, com suas cores fortes, sobreposições e sua edição de estilo frenético.
Uirá dos Reis é um artista multilinguagem residente em Fortaleza, Ceará, com vinte discos lançados de forma independente, cinco livros de poemas, mais de trinta trilhas sonoras para cinema, teatro, dança e instalações artísticas, além de diversas participações no cinema como ator. Assina direção de videoclipes, de curtas experimentais, filmes-ensaio e a co-realização de um longa-metragem. Recebeu o prêmio de melhor trilha sonora original no 44º Festival de Havana (Cuba) por seu trabalho em "Estranho Caminho" (2023) de Guto Parente, melhor ator coadjuvante no 51º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro por sua atuação no curta-metragem “Plano Controle” (2018) de Juliana Antunes, melhor filme na edição 2014 do Rio Festival Gay de Cinema com o longa-metragem "Doce Amianto" (2013) de Guto Parente e Uirá dos Reis, melhor trilha sonora original no 20º Cine Ceará com o longa-metragem "Estrada Para Ythaca" (2010) de Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes, Ricardo Pretti.
SYTYA
Realização: Trojany e Taís Koshino
Noite de lua cheia, o açude seco, e os peixes morrem, a roda gigante brilha. Suindara, a rasga mortalha grita e na noite seca e fria, rompe um grito afiado. É hora de acordar a dor esquecida de SITYA, a corporeidade d'água, a força do rio. Junto dela, a onça e a raposa dançam juntas em busca de inundação.
Trojany nasce em Icó, interior cearense, região na divisaa entre Rio Grande do Norte e Paraíba, cresceu entre os açudes, as ruas, os rios e as roças. É artista visual, arte educadora e designer. Atua produzindo reflexões na intersecção entre tecnologia, arte e ancestralidade, criando ambientes de exposição virtual, sites, objetos em modelagem tridimensional, filmes e performance. Sua pesquisa atravessa os recursos hídricos no Ceará e a dinâmica de sobrevivência e transformação que se instaura em volta desses espaços de água, elaborando dinâmicas entre corpo, máquina, memória, arquivos digitais e internet.
Taís Koshino nasceu em Brasília, é nipo-brasileira, artista visual. Sua pesquisa encontra-se no espaço-entre linguagens, práticas e culturas. A artista investiga a fronteira como possibilidade de dissolução de binarismos, de criação e de percepção da impermanência. Apresenta esse espaço em desenho, vídeo, pintura e instalações digitais e físicas. Participou de exposições, residências, feiras, mostras e publicações brasileiras e internacionais, em instituições como Museu Nacional da República, Parque Lage, Caixa Cultural, Centro Cultural Banco do Brasil, Art Basel Miami e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Guia
Realização: Marissa Noana
Uma mulher anda sozinha por um deserto de dunas alaranjadas sob um sol escaldante. É, no entanto, ao guiar-se pelas linhas da palma de sua mão que o encontro com sua criança a levará a uma jornada entre passado-presente-futuro.
Marissa Noana é graduanda em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE). Fez parte do coletivo Terroristas del Amor em 2018. Em 2022, foi contemplada com o 8° Prêmio Tomie Ohtake de Artes. Entre outubro de 2020 e julho de 2021 foi residente do Laboratório de Artes Visuais do Porto Iracema das Artes, com tutoria de Rosana Paulino, com o projeto “Como Construir Nosso Próprio País”. Em 2023, participou da Residência Cultural da Oficina Francisco Brennand, em Recife. Seu trabalho faz parte do acervo permanente do Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC CE) e foi exposto em diversas cidades do Brasil, Espanha, Alemanha, EUA e online.
Fortaleza Utopia Ancestral
Realização: Rafael Mourão e Nycolas Di
Fortaleza Utopia Ancestral une elementos de ficção científica com sabedorias ancestrais para imaginar a possibilidade de um futuro positivo para a humanidade, onde os grandes desafios contemporâneos, como sustentabilidade global e desigualdade são superados. A obra oferece uma experiência imersiva e contemplativa imaginando locais de Fortaleza como uma utopia onde os avanços tecnológicos coexistem harmoniosamente com a natureza. Esta projeção estimula a esperança de amanhãs melhores, a partir do resgate de conhecimentos antigos que contribuem para o equilíbrio entre as pessoas e entre o ecossistema e a vida. Não existe futuro sem a Terra. Na Terra temos tudo o que precisamos.
Rafael Mourão é artista 2D e professor no campo da ilustração digital, trabalha com concept art, direção de arte e estátuas 3D (action figures). Desenvolve trabalhos dentro do campo da ficção científica e busca trazer elementos locais de fortaleza ou da cultura brasileira para dentro de gêneros populares na cultura pop como cyberpunk e super heróis.
Nycolas Di é multiartista, curador e produtor. Morador do Grande Bom Jardim e interessado nas expressões centro-periféricas, decoloniais e contracoloniais. Seus trabalhos discutem diáspora, memória familiar, infância, poder e futuro.