Exposições | Quando o sertão ganhou o mar

A exposição “Quando o sertão ganhou o mar - A obra de Humberto Teixeira” retrata a vida e a obra do compositor cearense. Natural de Iguatu, Humberto Teixeira (1915 - 1979) ficou conhecido por sua parceria musical com Luiz Gonzaga na difusão do baião. Com curadoria de Lu Basile, a exposição oferece um passeio pela trajetória pessoal e profissional do artista. 

 

Funcionamento: 

  • Quarta e quinta: 10h às 18h, com acesso às exposições até 17h30. 

  • Sexta a domingo: 13h às 20h, com acesso às exposições até 19h30. 

 

Exposição em cartaz até 16 de junho.

Entrada gratuita.



“Quando o sertão ganhou o mar - A obra de Humberto Teixeira”

 

Ocupando os andares +2 e -2 do Anexo, a exposição conduz os visitantes por diversos temas, passando pela história do Brasil e da música brasileira, as parcerias com Luiz Gonzaga e Lauro Maia, seu processo de composição, a vida no Rio de Janeiro, a atuação política e a luta pela valorização da música nacional. Estão expostos itens do acervo pessoal do artista, como registros de trabalhos inéditos, fotos, instrumentos musicais e objetos. Com expografia de André Scarlazzari, a exposição leva Humberto Teixeira ao público do MIS por meio de textos, imagens, música, dança, árvores, pássaros e outras delicadezas surpreendentes, em uma exposição interativa, criativa e emocionante. Complementando a exposição, há uma instalação sonora na praça do MIS chamada “Varei mais de vinte serras”, de Clau Aniz. 

 

A coleção Humberto Teixeira

A coleção Humberto Teixeira, hoje sob a guarda do Museu da Imagem e do Som do Ceará, foi adquirida pela Secretaria de Cultura do Ceará em dezembro de 2015. Formado em Direito e tendo sido um dos principais parceiros de Luiz Gonzaga, o “doutor do baião” também atuou como político. Eleito deputado federal, lutou pela lei do direito autoral e viabilizou, com a Lei Humberto Teixeira, a realização de caravanas de artistas para divulgar a música brasileira no exterior. A coleção, cujos itens são vestígios de aspectos de sua vida pessoal e sua trajetória na música e na política, é composta por livros, revistas, fotografias, discos, álbuns de recortes, projetos de leis, partituras, documentos e objetos pessoais do compositor cearense. A exposição que o MIS agora apresenta é um recorte deste vasto e precioso acervo. 



Texto curatorial - por Lu Basile 

Quando o sertão ganhou o mar apresenta Humberto Teixeira, compositor cearense, nascido em Iguatu e introdutor do baião que, junto com Luiz Gonzaga, abalou as placas tectônicas da música brasileira, até então, sul-centrada e sob o reinado do samba. O baião e o ativismo político de Humberto representaram uma espécie de contrafluxo às caravelas, chegando sua música aos continentes e sendo uma das mais gravadas na Europa, na década de 1950. 

Humberto Teixeira é uma personalidade multifacetada e, como tal, de complexidade, que, ao mesmo tempo, dificulta e enriquece a busca de sua compreensão. Formou-se advogado e, desde a infância, a música, a poesia e o gosto pelas letras sempre o acompanharam. Era brilhante, boêmio e agregador. Ele próprio parece ser a síntese desse fluxo sertão-mar, onde coexistem a simplicidade e elegância do tempo da natureza, da memória e o ativismo político-cosmopolita em defesa da arte e dos artistas.       

Sua obra e o próprio Humberto, situados no tempo e no espaço, instigam reflexões sobre como questões que nos atravessam cotidianamente foram historicamente constituídas. Tradição, a cristalização de imagens sobre o êxodo das populações, o machismo e políticas públicas para exportação da cultura, são alguns exemplos. Apresenta um viés nacionalista e ajudou a formar um imaginário sobre as identidades culturais nordestinas.     

A Coleção Humberto Teixeira, que compõe o acervo do Museu da Imagem e do Som Chico Albuquerque, é formada de documentos que correspondem a uma temporalidade de 1940 a 1960, período da quase totalidade da obra musical de Humberto Teixeira. Trata-se de um conjunto organizado pelas mãos de suas irmãs Glaura e Ivanira, bem como pelo artista. O acervo sugere organização pessoal, como escrita de si, evidenciando o modo como gostaria de ser lembrado.



A concepção da expografia

Segundo André Scarlazzari, a concepção da expografia foi baseada em pesquisa histórica e alicerçada na estética das revistas das décadas de 1940 e 1950. No andar +2, a exposição foca na biografia do artista e em sua produção musical. Além de diversos registros em imagem, estão disponibilizadas 13 músicas de autoria de Humberto Teixeira, gravadas por diferentes intérpretes. Durante a visitação, o público pode ouvir essas músicas individualmente em fones, e também é possível acessar vídeos com as letras dessas músicas interpretadas em Libras (Língua Brasileira de Sinais), acessibilizando a informação para a comunidade surda. Há ainda o recurso de audiodescrição das ilhas temáticas do espaço, para que pessoas cegas ou de baixa visão possam compreender como estão organizados os espaços. Já no andar -2, por meio de diferentes recursos, a exposição se volta para o universo do baião, apresentando instrumentos musicais do gênero, uma projeção que ensina os passos básicos para dançar o baião, e instalações que trazem elementos que representam a relação que a música de Humberto Teixeira tem com o bioma do sertão, com árvores e pássaros típicos da caatinga. No hall do -2 haverá ainda uma instalação minimalista que faz alusão à frase de Humberto Teixeira, que dizia para sua filha que “gostaria de engarrafar as nuvens” para dar de presente para ela. Uma exposição poética para um homem que fez viver a poesia.

 

Escute aqui André Scarlazzari falando sobre a exposição



Instalação sonora “Varei mais de vinte serras”

Autora: Clau Aniz

Técnica: Paisagem Sonora

Duração: 11min

Local: praça do MIS

 

“Varei mais de vinte serras” é uma obra de instalação sonora composta pela artista Clau Aniz. No intento de trazer à praça do MIS uma dobra no tempo dos terreiros onde nasceu o baião com o chão de concreto do presente, a composição é criada a partir do sampleamento de canções escritas por Humberto Teixeira e interpretadas por diversos artistas ao longo dos anos. Uma reverência ao lirismo que se enraíza e se transforma, mantendo-se vivo e atemporal.






FICHA TÉCNICA

 

Curadoria

Lu Basile

 

Concepção e Expografia 

André Scarlazzari

 

Projeto Gráfico 

Pedro Lides

Rebeca Laena

 

Obra Sonora “Varei mais de vinte serras”

Clau Aniz 

 

Sapateado do Baião
Valéria Pinheiro

 

Luminotécnica

André Scarlazzari 

Dora Coelho

Priscila Araújo 

 

Projetos Executivos 

Estúdio Oficina

Scarlazzari – Projetos

e Soluções para Museus

 

Montagem da Exposição

D. Rocha Studios

 

Coordenação de Montagens

André Scarlazzari

Dora Coelho

Rebeca Laena

 

Produção Executiva 

Regina Lima

 

Consultoria para Acessibilidade

Art! Em Libras

 

Acessibilidade Comunicacional

Coletivo Kintal de Afetos

 

Cenotécnica

Aureliano Medeiros

Aurino Ferreira

 

Automação e Sonorização

Bruno Ursulino

George Raphael 

Leo Porto Carrero

 

Assistentes de pesquisa 

Hailla Krulicoski 

Marcelo Bonavides de Castro

 

Assistente de Produção

Sol Moufer

 

Assistente de Pesquisa e Áudios

Lucas Lins

 

Digitalização de Discos 

Marcelo Rossas

 

Impressão e montagem gráfica

Elton Art Print

MCV Publicidade

 

Gestão, Documentação e Pesquisa do Acervo

Charlyne Moraes

Eliene Magalhães

Raimundo Batista 

Simone Lopes

Estagiários

Cínthia Frota 

Eloi de Oliveira 

Lucas Rodrigues 

Sofia Cosmo 

Victoria Girlen 

 

Higienização e digitalização da Coleção Humberto Teixeira

Alan Emmanuel

David Felício

Gabriela Dantas

 

Infraestrutura de Rede e Audiovisual

Allan Oliveira 

Leliana Lopes 

Lucas Martins 

Sebastião Júnior

 

Ilustrador da Sanfona

Rafael Viana

 

Organologia da Sanfona

Yago Fernando de Castro

 

Agradecimentos

Ângela Sartori, ECAD, Edu Assaf, Elba Braga Ramalho, Inês Gouveia, José Newton Coelho Meneses, José Roberto Duarte, Luísa Torres, Marcos André e Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez).