Exposições | Thomaz Farkas

 

“Eu vejo com o coração.”

 

Encantado pelas imagens desde que ganhou a primeira câmera fotográfica, aos oito anos, Thomaz Farkas (1924-2011) construiu horizontes de quem vê além, seja na fotografia, no cinema ou nos negócios. Explorar luz e sombra, perceber beleza e humanidade estão entre as peculiaridades do olhar de Farkas. 

Nascido na Hungria e apaixonado pelo Brasil, foi um dos nomes mais conhecidos na fotografia brasileira da segunda metade do século XX. A exposição propõe espaços diversos para contar sobre a vida de quem olhou com atenção e curiosidade para o país e para o povo que o acolheram. Com curadoria de Simonetta Persichetti e Rubens Fernandes Junior, o momento celebra o centenário de Farkas. Além de ser reconhecido por sua produção fotográfica, tendo realizado exposições nos mais importantes centros culturais e museus do Brasil e do exterior, Farkas também destacou-se por sua vasta e inovadora produção cinematográfica documental.

Por meio dos documentários, Farkas esquadrinhou um Brasil distante dos grandes centros urbanos. Essa empreitada de quase 40 documentários ficou conhecida como “Caravana Farkas” e revelou grandes talentos do cinema brasileiro. Dentre esses documentários, pelo menos quatro foram gravados no Ceará: “O Engenho”, “Viva Cariri”, “Visão de Juazeiro” e “Padre Cícero”.

 

“Não sou profissional e não sou amador. Estou sempre na margem.”

 

Espaços expositivos

Com expografia de André Scarlazzari, a exposição ocupa diversos espaços do MIS. No espaço expositivo do andar + 2, está uma coleção de fotografias da autoria de Farkas, a partir dos diferentes ensaios que produziu no seu período áureo de criação – ensaio modernista, ensaio surrealista com os amigos da Escola Politécnica, ensaio sobre Brasília, antes e durante a inauguração, ensaio sobre dança, ensaio sobre o Nordeste brasileiro. O respeito e a importância de Farkas também ficam evidenciados nos 10 retratos realizados pelos seus amigos, que melhor representam a fotografia brasileira contemporânea: Cristiano Mascaro, Bob Wolfenson, German Lorca, Luiz Carlos Felizardo, Cláudio Edinger, Juan Esteves, Márcio Scavone, João Farkas e Mestre Júlio. 

 

A biblioteca do MIS, localizada no andar +1, é denominada Marly Mariano e Thomaz Farkas. Nesse território, os livros que foram do casal enriquecem e diversificam o conhecimento sobre cinema, literatura e fotografia. Este precioso acervo foi doado ao MIS em 2022. Nas vitrines da biblioteca, encontram-se alguns livros e objetos agregados, que saíram da obscuridade e do silêncio para adquirir uma ritualização luminosa. Tentar entender as possíveis conexões entre o livro e seus objetos, somados às dedicatórias, torna-se um exercício de criação. Por meio de dedicatórias das amigas e dos amigos e de suas anotações conseguimos compreender o mundo fantástico em que Thomaz Farkas mergulhou. 

 

Na sala imersiva, no andar -2, encontra-se uma síntese do inventário de imagens e sons criados por Farkas. Uma comunicação sensorial, com a radicalização do uso dos signos visuais e virtuais com total liberdade. A proposta é de desconstrução das fotografias e dos filmes, e de recriação, a partir deles, de situações visuais e sonoras desconcertantes. Acesse aqui a audiodescrição da obra. 

 

Com concepção, direção e dramaturgia de Wellington Gadelha, a instalação vídeo-sonora imersiva sobre Farkas propõe uma jornada que transcende o tempo, a tecnologia, o analógico e o sensível. A exposição mergulha em registros e materiais do acervo do artista, utilizando suas imagens, vídeos e registros de outros materiais pesquisados. Acompanhadas por arte-tecnologia, interatividade, animação e desenho sonoros, a obra é resultado de um exercício coletivo de criação entre artistas de Fortaleza e do Crato, no Ceará. O trabalho em grupo conta com a participação de Eric Barbosa, Matheus Rocha, Fabienne Maia, Diego Ricca, Rafa Diniz, FluxoMarginal e João Barreto.

 

"No meu sangue corre hipossulfito de sódio*"

 

Nos demais espaços do andar -2, outras informações complementam o universo criativo de Thomaz Farkas. A presença do cinema, das artes gráficas, da publicidade e da tecnologia denotam suas fontes permanentes de estímulo e inspiração.

 

 

A exposição “Thomaz Farkas - A beleza diante dos olhos” permanecerá em cartaz até 21 de novembro. Confira os horários de visitação: 
Quartas e quintas: 10h às 17h30.
Sexta a domingo: 13h às 19h30.
Entrada gratuita.

 

 

 

*Agente fixador utilizado no processo de revelação de fotografias.