Ontem choveu no futuro é uma instalação audiovisual imersiva e extrapolada. É um mergulho nos muitos Cearás.
São 12 potentes projetores apontados para todas as superfícies possíveis dessa sala do MIS-CE e um som ambisônico, que nos envolvem nas muitas possibilidades imersivas, ricas e vivas das culturas cearenses. A obra Ontem Choveu no Futuro é concebida e dirigida por Batman Zavareze, mas é fruto de um processo coletivo somando escutas de muitos colaboradores de diversas habilidades técnicas e linguagens artísticas.
Eu me interesso pelas coisas que nunca fiz.
Faremos uma aula dentro da sala imersiva discutindo o processo dessa obra que envolve muitas rupturas narrativas. Não existe um manual de como fazê-la e desfrutá-la. Por isso o tema; Eu me Interesso pelas coisas que nunca fiz é parte condicionante de como fazê-la.
Fazendo e aprendendo, e aprendendo e fazendo, sem querer entender quem vem primeiro, esse foi nosso método artesanal-digital.
Atravessada pela escuta para enxergar melhor, essa entrega artística e autoral só fará sentido quando for partilhada com os artistas locais, para se apropriarem desse espaço e subvertê-lo em novas campos inimagináveis.
E qual a meta e o público que poderemos chamar de alvo? Todos os artistas que trabalham com artes híbridas: artistas visuais, cineastas, videomakers, fotógrafos, músicos, DJs, VJs, poetas, bailarinos, performers, escritores, diretores de artes, creative coder, engenheiros computacionais, professores, alunos e todos aqueles que estiverem abertos a mergulhar nas muitas possibilidades de explorar e conhecer novas possibilidades de narrativas imersivas artísticas.
“Vamos falar sobre o processo de criação de uma obra nova e as muitas possibilidades de se arriscar e fugir das fórmulas que já foram demasiadamente exploradas. Vamos abrir o jogo a todos e mostrar que uma obra como essa só acontece com um trabalho coletivo. É uma obra multidisciplinar e um conhecimento complementa o outro.”, revela Zavareze que encara o desafio sabendo que iria criar algo inédito com as muitas experiências do que já tinha feito desde as Olimpíadas Rio 2016, shows emblemáticos como de Marisa Monte ou exposições em vários museus no Brasil usando arte e tecnologia.
Nosso processo de criação, produção e finalização da obra Ontem choveu no Futuro é o primeiro passo de uma longa trajetória. Ela se materializa num projeto formativo nada convencional, incentivando que todos façam e abracem esse novo espaço da forma mais disruptiva possível. Vamos ensinar as regras e incentivá-los a voar fora delas.
Aliás, o maior aprendizado a ser compartilhado, é mostrar que alguns erros abrem novos caminhos, de novos acertos. Errar é a condição fundamental para inovar. Importante que os artistas locais se apropriem desse espaço e seus infinitos recursos. Essa obra é, intencionalmente, inacabada porque ela não tem início e nunca terá fim. Entre em qualquer momento e volte quando puder. Você vai sempre sentir uma nova história.
Ecoando Clarice Lispector, “Perder-se também é caminho.”
Ontem choveu no futuro fala pro Brasil e pro mundo e, claro, pra toda gente do Ceará.
Pois pronto!
Batman Zavareze
Autor e Diretor geral da obra Ontem choveu no futuro*
*Ontem chuveu no futuro: título colhido da poesia Dia Um, no capítulo Os Deslimites da Palavra do livro O livro das ignorãças do escritor Manoel de Barros.